São quatro e meia da tarde. Choveu muito no dia anterior. O céu está limpo de toda a fumaça, como se velhas lentes de contato tivessem sido trocadas por um novo par. O caminho ensolarado lembra cenário de videogame – parece que todo cena de games tem o sol desse horário, quando a ação se passa durante dia. A falta de criatividade dos programadores me irrita. Eu adoro o sol desta hora no inverno – me lembra o sol das cinco e meia no verão, quando eu saía da escola e ficava na rua brincando até de noitinha. Essa hora sempre foi a hora da felicidade. Embora videogames tenham me trazido muitas alegrias à época e mesmo hoje, eles não combinam com esse horário, ao menos no meu registro pessoal.
A realidade, que os games desta década tanto tentam emular, é tão subjetiva em 2015 que eles são muito mais simulacros de uma idealização de hiper-realismo e muito menos verdadeiros do que jogos simplórios dos anos oitenta, cujos gráficos deixavam muito mais espaço para a imaginação preencher lacunas. Fan fiction era criação instantânea nos anos oitenta. Talvez deixe rastros até hoje, em livros de ficção científica daquela geração – a minha.
No lugar de um miniconto no domingo, neste final de semana resolvi publicar uma pequena crônica no sábado, pois o caos é legal.