Sunday, February 08, 2009

O Recomeço

É como se fosse uma licença tácita para a putaria e isso não faz sentido para ele. Meio que está intrigado pensando o quanto se importava em ficar sabendo de tudo que rolava entre todos os de outrora. Desarticulado, não quer saber de perguntar como eles vão quando os encontra, ainda que todos perguntem o que ele anda fazendo para ouvir respostas acanhadas e vagas. Mas no carnaval é diferente. Ele quer saber de tudo o que os vizinhos fazem, olhando-os por binóculos, é muito bom morar em um prédio em frente a outros nesta época. Voyeurismo sem culpas, não sabe quem são e não fala nada sobre eles para ninguém. Até porque fica embaraçado demais com isso. O que não imaginava, na única licenciosidade que se permitia, era flagrar a vizinha de baixo do apartamento frente ao seu dando para um japonês cujo pau de fato parecia ser bem pequeno. Ela não tirou a camisa do Che Guevara em momento algum, como alguém pode dar uma trepadinha olhando para um cara feio como aquele? Ela devia mesmo ter os peitos pequenos, sempre teve essa impressão. Pelo menos ela tirou a boininha e seus cabelos negros feitos na chapinha refletiam o abajur rosa de forma ritmada e linda. Pela primeira vez em dezessete anos saiu para curtir um Carnaval com c maiúsculo, ao contrário do que recomenda a moral cristã da ortografia.

23/12/2008-08/02/2009

1 comment:

Anonymous said...

pregar fogo olhando pro guevara é meio estranho, hein?