Depois de um bom tempo revolvendo a terra, Júnior o acha. Ele vai guardando os ossos dentro de um saco preto. Com suas luvas amarelas, mira o crânio por uns instantes antes de guardá-lo com um certo carinho, por mais estranho que isto possa ser. Observo tudo sentado contra a parede, com a tremedeira das mãos já controlada. As pernas, entretanto, permanecem trêmulas ao me levantar para ajudá-lo a pôr o corpo do velho na cova reaberta. O rosto está quase irreconhecível, amassado, o nariz torto. Enquanto ele começa a jogar a terra de volta, diz calmamente:
- Não se preocupe, o silenciador funcionou bem. Ninguém vai nos pegar. Moramos a milhares de quilômetros da família dele, pegamos ele sozinho na praia, estamos a centenas de quilômetros de lá. Não chegariam a nós, mesmo que achem o corpo.
Continua...
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