Wednesday, June 26, 2024

CRIANÇA ASSASSINA À SOLTA EM RUÍNAS FUTURISTAS

Já um assassino profissional aos 12 anos, Ecsel é o herói do conto EU SOU AMANHÃ, de Daniel Souza Luz, escritor poços-caldense que vem lançando seus contos distópicos em Poços de Caldas em pequenas edições com caras artesanais, feitas entre amigos, por uma editora que se intitula "Enigma Anônimo". 

Ecsel vive num mundo futuro onde tudo é possível, até a gravidez de transgêneros, mas onde reina - como no mundo atual - hostilidade entre tribos futuristas com seus gadgets violentos, espelho de um presente em que gangs bastante bélicas estão soltas pelo país. Ele é uma estranha criança, que nos dá uma impressão de velhice precoce com todo o seu cinismo pragmático. O gosto de Souza Luz por distopias vem de sua admiração pelo gênero FC e aqui e ali pode-se perceber no que escreve influências de Ray Bradbury, Anthony Burgess (com seus neologismos tecnológicos, artificialismos verbais que ficam grudados em nossas lembranças) e outros autores.

Acho particularmente interessante que um escritor poços-caldense siga essa trilha e pise na realidade presente, porque a distopia trai constantemente problemas do hoje projetados no Amanhã, e porque Souza Luz vem popularizando a boa literatura através dessas edições ao alcance de qualquer bolso. 

EU SOU AMANHÃ foi lançado na Vila Literária do último Flipoços com bastante gente interessada. Adquiri, dos 100 exemplares, o de número 43. Mas não pude ir lá buscar: foi minha mulher que o trouxe para mim. 

Fico só esperando o que o Daniel aprontará na sua próxima edição distópica. Imaginação fértil não lhe falta.

Resenha escrita pelo escritor Chico Lopes em seu perfil no Facebook em 15/05/2024. 




Tuesday, June 25, 2024

Entropia (nova versão)

Entropia

Bilhões de mortes depois de você

Todo o Mistério d’antanho

Mergulhou no olvido

O pranto ignora o vácuo

Podia ser ouvido a 10 parsecs

Afastei-me ainda mais

Orbito o buraco negro massivo de Andrômeda

No horizonte de eventos encaro

O último titã no firmamento

Horrorizado por ter uma testemunha

Do sofrimento indizível

Pelo qual se penitenciava

Sem a almejada paz

Do instante final

Antes de ser despedaçado

O nirvana é ilusório


Esta é versão do poema Entropia, originalmente de 2020, publicada no e-book Mapeamento dos Escritores e Escritoras de Poços de Caldas, lançado em 22 de junho de 2024. A única diferença em relação ao original é a última frase, que é menos explicativa. 

Imagem em infravermelho da galáxia de Andrômeda. Foto de domínio público tirada pela NASA/JPL-Caltech/UCLA.