É das primeiras músicas das quais
me lembro de gostar. Ouvi pela primeira vez numa propaganda de TV; será que era
para anunciar a participação em algum programa de auditório? Era o vídeo de
Tempo Perdido, tenho certeza. Depois ouvi no rádio. Fiquei encantado. Foi a
primeira vez na vida que prestei atenção espontaneamente à letra de uma música.
Isso foi por volta de 1986/1987, tinha uns doze anos. Quer dizer, eu sabia a
letra de algumas músicas, principalmente porque meus colegas de escola falavam
das do RPM, mas Tempo Perdido foi a primeira que me interessou mesmo, mas não
havia com quem a conversar a respeito. Ninguém se importava muito e acho que
nem eu.
À época respondi um daqueles
cadernos de perguntas que as meninas faziam e davam para você levar para casa –
sim, já se stalkeava naquela época, mas era mais explícito – e respondi que
minha música favorita era Tempo Perdido, sem titubear. Ela perguntou depois o
porquê e eu disse que a letra refletia a vida; não sei por que disse isso. Hoje
ela é atriz, às vezes a vejo no teatro. Eu devia estar afetando profundidade,
ela deve ter percebido, pois pareceu incrédula. Para mim, a resposta foi
sincera. Tempo perdido.
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