Magazine era a banda de Howard
Devoto, ex-Buzzcocks. Uma lenda pós punk do fim dos anos setenta e começo da
década de oitenta. Mas só fui ouvir no século 21 e não me marcou muito. O que eu ouvia mesmo nos anos oitenta era
outro Magazine, o brasileiro. A banda de Kid Vinil, figura popular e simpática,
que depois influenciaria muito do meu gosto musical à frente do Som Pop, na TV Cultura,
no fim daquela década, um assunto do qual sempre gosto de falar. Mas quando eu
era criança gostava mesmo era da banda new wave dele. Geral na escola também
adorava os sucessos Eu Sou Boy e Tic Tic Nervoso. Meio que caiu no
esquecimento; nunca mais ouvi, até lembrar hoje da existência da banda e de
como achava divertido.
Manjam aquelas apresentações que
as crianças fazem para os pais no fim do ano escolar? Em 1984 ou 1985 eu e meu
irmão fizemos uma dessas apresentações no teatro da escola na qual estudávamos,
o Pelicano, e foram apresentações musicais da qual ainda temos as fotos. A do
meu irmão foi mais complicada: eles dançaram break ao som de uma música do
Michael Jackson, vestidos a caráter, com roupas de b-boys. Não tenho certeza de
qual música foi, só sei que era um dos hits então onipresentes dele, provavelmente
Beat It. Era uma coreografia toda complicada, ou ao menos me pareceu. Um
detalhe paralelo curioso: à época, quando passávamos em frente ao cemitério,
minha irmã, que é mais nova, tinha medo de que tocasse Thriller no toca-fitas e
até o pôster gigante do Michael Jackson que havia em casa foi tirado da parede
quando começou a parecer meio sinistrão. Voltando à apresentação escolar de fim
de ano, para mim foi mais fácil e combinava comigo: dançamos Tic Tic Nervoso,
também devidamente vestidos para a ocasião; hoje seria chamado de cosplay new
wave: com camisas sociais de manga curta e gravata. Foi divertido. Mesmo tendo
vergonha de subir ao palco, não precisava fazer algo tão bem coreografado. Os
meus amigos e colegas de sala até que dançaram mais direitinho, eu fiz tudo
descoordenado e achei ótimo. Até hoje acho que mandei bem, era o espírito da
música. O mais legal é olhar para as fotos e ver que eu pareço uma versão mirim
do próprio Kid Vinil ou do Herbert Vianna – eu uso óculos.
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