Na
verdade, jaz na estante. Está autografado por Augusto de Campos. Em nome do
casal, não apenas dela.
Ele
sempre se lembra das acusações de que não lia de fato, de que apenas
frequentava redes sociais. Então lhe ocorreu que havia o livro, uma
preciosidade, o qual ela jamais mencionava, e que se recusou a devolver.
Encontram-se
no bate-papo, pois estavam online. Só assim mesmo.
Ele
lembra-a sobre a obra. De fato, ela jamais havia lido-a. Confundiu Haroldo com
Augusto - por mais que tivesse veleidades literárias, ela continuava a
embaralhar nomes e conceitos, pois havia apenas lia na Wikipédia a respeito da
maioria dos autores que citava, mas não havia enfrentado-os de fato. De certa
forma, os dois se assemelhavam quanto à parca leitura de livros. Ela sequer se
lembrava que o tinha.
O uso dos
verbos no passado é correto neste caso.
O livro,
novo, nunca lido, está criando poeira em um sebo.
Daniel Souza Luz é
jornalista e revisor
Este conto foi publicado no dia primeiro de dezembro de 2018 no Jornal da Cidade (Poços de Caldas/MG). Publiquei-o originalmente aqui no blog em 11 de janeiro de 2015. Estava em São Paulo na semana passada, meu pai havia sido internado com uma crise hipertensiva e fiquei sem tempo para escrever um novo texto ou reescrever alguma crônica ou conto antigos. Portanto, saiu no jornal tal qual a publicação original. A versão acima é diferente da original e da que saiu no jornal; a reescrevi, alterando uns poucos detalhes e principalmente deixando o texto menos impreciso.
O pequeno conto no canto esquerdo inferior da página oito da edição 6929 do Jornal da Cidade, numa versão idêntica à de 2015, embora tenha saído na versão impressa do jornal agora em 2018. |
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