Sunday, January 11, 2015

Farsa

O livro repousa na estante.
Na verdade, jaz na estante. Está autografado por Augusto de Campos. Em nome do casal, não apenas dela.
Ele sempre se lembra das acusações de que ele não lia de fato, de que apenas frequentava redes sociais. Então ocorreu-lhe que havia o livro, uma preciosidade, o qual ela jamais mencionava.
Encontram-se, no bate-papo, pois estavam online. Só assim mesmo.
Ele lembra-a sobre o livro. De fato, jamais havia lido-o. Confundiu Haroldo com Augusto - por mais que tivesse veleidades literárias, ela continuava a embaralhar nomes e conceitos, pois havia apenas lido a respeito da maioria dos autores que citava, mas não havia lido-os de fato. De certa forma, os dois se assemelhavam quanto à parca leitura de livros. Ela sequer se lembra que o tinha.
O uso do verbo ter, no passado, é correto neste caso.
O livro, novo, jamais lido, está criando poeira em um sebo.

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