Monday, April 11, 2011

Garotas têm ritmo

Uma visão embaçada: sua mão envelhece junto à de alguém em um baile de debutantes. Determinada a encontrar um único amor que a acompanhe por toda a vida, ela recorre aos conselhos de uma autodenominada cigana – uma hippie suja rodeada por cabeludos imundos. Envolvente, a mulher convence a garota, imbuída de ideais românticos, a organizar um baile de debutantes temporão – ela iria fazer 16 anos. Sem problemas; o dinheiro dos pais bancou tudo, da festa na qual deveria aparecer o predestinado à alegria da “cigana”, que também tem o dom de desaparecer sem deixar rastas.

O baile começa pontualmente no dia marcado. A banda contratada para tocar Evanescence e Paramore tem até uma vocalista que lembrava simultaneamente ambas as homenageadas e também a “debutante”. Todos os bicões são bem-vindos; a escola em peso comparece. Um deles havia de ser. Tudo corre bem, mas só o galã de novela contratado especialmente para a valsa de abertura dança com ela. Fora isso, nem sequer o pai. Ninguém chega junto. Então ela sai à caça do amor eterno.

Todos pulando, alguns se beijando, ela observa, nada. Até que ele a encara e ela vislumbra o inferno, em flashes de câmera lenta, uma alucinação bem acurada: primeira vez bruta e dolorosa, ciúmes doentios, traída mesmo no dia do casamento, espancada na frente dos filhos, entedia-se dentro de casa e agoniza sozinha. Ela se vira horrorizada e topa com uma ruiva sorridente. Dançam juntas. Não é o que esperava e não vê futuro algum. Melhor assim.