Jairo e Juliano chegam juntos à
casa de shows, a mais conhecida a abrigar shows do forró na cidade interiorana,
cujo calor derrete quem está à beira da piscina e ainda mais os dois e todos os
que estão na porta do lugar, um deserto de asfalto e concreto. Ambos vestem preto e logo identificam seus pares.
- Aqui que é o Tijuana Bar? Não
tem placa...
- Opa! Vamô quebra tudo com uns
déti metal com nóis.
Apresentações feitas, simpatia
imediata.
- Então, nós somos da banda de
fora.
- Qual banda? Eu sou um dos
organizadores. Não lembro de banda de fora...
- Do Virgin's Immolation.
- Ah é! Mal aí, já virei um
tubão. Cadê os equipos d’ôces?
- Vamô lá pegar.
Tucano não perde as piadas no
caminho. Sugere que Jairo e Juliano seria um bom nome para uma boa dupla
caipira e que não era para eles tocar viola no show não. Os dois riem, mas
ficam putos por dentro.
- Ô Ricardo, abre o portão aí
pros meninos do Virge Immolation montar o palco, brinca Tucano. É o jeito dele,
pensam.
A cena parece um hospital de
campanha. Vários desfalecidos deitados no chão, vomitados. E o show nem havia
começado.
- Falaí, seus poser!
Era Zé, o único contato de Jairo
e Juliano na cidade.
- Cê que é um comedor de
sucrilhos!; vociferam de volta, em uníssono.
Sentindo-se mais à vontade, os
dois enchem-se de expectativa. A bateria eletrônica é plugada e devidamente
programada. Eles não têm mais paciência com baterista; está todo mundo velho,
os amigos não dão mais conta de tocarem rápido.
Sobem ao palco. Serão os
primeiros a tocar, para poderem pegar estrada e voltar cedo. Todo mundo
trabalha na segunda de manhãzinha. Antes do primeiro acorde, chega a polícia.
Tá cheio de “di menor” bêbado e o
comissariado não perdoou. Venderam uma demo em fita, como antigamente. Coisa do
demo. Voltam felizes apesar de tudo; missão cumprida.
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