Distraído. Parado no semáforo, conversando sobre política.
Um garoto, mais um, mas parecido demais com os demais: de barbicha, roupas que aludem ao circo, muito jovem, malvisto na família (provavelmente). Fazendo malabarismo com bolinhas.
Notei-o porque errou: uma bolinha escapou e foi parar embaixo do carro ao lado. Sorri - na verdade, ri. Ele foi safo o suficiente para levar na esportiva: não se deixou abater, pegou uma das bolas que restaram, vermelha, e a pôs em frente ao nariz, emulando um palhaço que não meteria medo nem na mais traumatizada criança que teme essa figura.
Procurei desesperadamente por umas moedas, mas, como não estava prestando atenção antes, não as encontrei. Quando ele se aproximou, entreguei uma bala. A desculpa que dei é que ela poderia lhe dar energia.
O semáforo, que não estava para brincadeiras, deixou de ser vermelho.
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