O disco só roda em 45 RPM. Por
sorte meu aparelho de som tem esse recurso . Achei num sebo. É de 1987. Estamos
em 1989. A banda não existia mais há um ano, descobriria numa revista Bizz, também
comprada num sebo, uns dois ou três anos depois. Estava vivendo intensamente
algo que já havia acabado. Os anos oitenta tinham muito disso, o apartamento
onde vivia era uma caverna de Platão, nos quais as sombras dançando ao fundo
não eram sombrias, mas sim tão fascinantes quanto um teatro de sombras é para
uma criança – a qual eu ainda era ali, com 14/15 anos.
Uns dois anos depois mais ou
menos, em 1991 ou 1992, minha irmã e suas amigas descobrem o disco, decoram
umas letras, cantam junto. Elas adoraram, era uma banda só de mulheres,
novidade para elas, com a qual se identificaram. Elas tinham 10 ou 11 anos. Eu
fiquei enciumado. Era a MINHA banda. Eu devia ter incentivado-as a montarem uma
banda influenciada pelas Mercenárias. Faltou empatia. A empatia que elas
tiveram.
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