Os shapes dos skates tinham
caveiras, geralmente. O que elas me lembram é vida e não morte. Da grande
aventura de ir para o centro da cidade sozinho, pela primeira vez, lá pelos
idos de 1988. Não sozinho, mas junto com uma galera. Sem meus pais, melhor
dizendo. Um domingo à tarde rolava fugir pra lá, numa boa.
Tinha um ponto de encontro do
pessoal da escola, uma cafeteria que não existe mais, com as menininhas
bonitinhas. Elas nem nos notavam ou olhavam-nos com desdém. “Ollie air não pega
mulher”; lembro da frase de um skatista da época, Celso Not Dead, em uma das
revistas de skate que colecionava, a Yeah! ou a Overall. Mas me sentia muito à
vontade em meio a elas, também não me importava. Sentamos encostados a um muro.
Não me lembro mais quem foi, mas alguém que estava na lanchonete levou uma
revista em quadrinhos que adorei, a do Geraldão. Era melhor ainda do que a Mad.
Ainda me lembro do cheiro daquele papel-jornal, tinha aroma de anarquia. Eu te odeio, Ronald Reagan. O Glauco, o Toninho Mendes, que editava a revista e
várias outras revistas que ajudaram a moldar minha visão de mundo (Chiclete com
Banana, Circo, Piratas do Tietê), os irmãos Toulon do Old Skull, que eram a cara do
que aspirávamos à época, ou ao menos o que eu aspirava entre 1988 e 1990,
nenhum deles está mais neste mundo. Mas ainda estão; tudo está; todos estamos.
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