Sons soturnos para dias alegres.
Acho que a primeira vez que ouvi Siouxsie and the Banshees foi quando vi o clipe
de Peek-a-Boo no Som Pop, apresentado pelo Kid Vinil na TV Cultura. Não gostei
muito, até hoje não sou grande fã da música. Lembro bem da figura marcante da
Siouxsie no clipe, mas um dia o som realmente me encantou. No mesmo programa,
tempos depois, foi exibido o clipe de Hong Kong Garden, de 1978. Aí sim. A
guitarra aguda, com tons orientais, o baixo saliente, a batida final num gongo,
o vídeo feito com cores em tons negativos, tudo aspirava a um mistério inalcançável
para mim, enquanto a energia era um convite para me perder num abismo etéreo.
Não dá para descrever, essa descrição não basta, mas é isto.
Cacei os vinis o máximo que pude.
O que pude encontrar, no fim dos anos oitenta, no interior de Minas Gerais, foi
nada. Achei uma coletânea chamada New Wave Times em um sebo somente em 1991. É
muito bacana, a capa é uma paródia do New York Times e foi feita no Brasil no
fim dos anos setenta, entre outras pessoas, pelo... Kid Vinil! O disco tem
muitas bandas chatas e outras absurdas de legais, como The Jam, Sham 69, The
Chords e a Siouxsie Sioux com seus Banshees fazendo uma versão de Helter Skelter.
Li nos créditos que a música era dos Beatles, pois não conhecia, mas até hoje
minha versão favorita é a da Siouxsie and the Banshees. Começa devagar, baixo de
uma nota só secundado por um guincho de guitarra que vai sendo acelerado pela
bateria, soando como um trem ganhando velocidade aos poucos até descarrilar
violentamente, no final abrupto.
Apesar de nessa época já ter
escutado também Cities in Dust no rádio e ter achado a melodia fascinante, qual
não foi a minha decepção ao finalmente achar um álbum da Siouxsie e sua gangue
num sebo, já em 1992. Era o Hyaena, de 1984, com uma sonoridade bem mais sutil.
Não bastasse isso, tinha um colante da Fluminense FM na capa e uma amiga de
infância, a Ana Karla Rodrigues, quando viu, achou curioso (brega mesmo, na
verdade) e tirou um sarro, aumentando o meu desgosto. Havia mais um colante,
destacando outra cover também dos Beatles, Dear Prudence, da qual não gostei a
princípio. Demorou mais de ano para eu realmente apreciar o disco, mas
felizmente não desisti dele. Aos poucos as músicas foram ganhando minha afeição
e por muito tempo foi o único disco dela a que tive acesso.
Daniel Souza Luz é jornalista e revisor
Esta crônica foi publicada no Jornal da Cidade (Poços de Caldas/MG) em 21 de outubro de 2017. É uma versão reescrita e revisada de uma crônica publicada aqui no blog em três de outubro de 2016. Aqui o nome da Siouxsie está correto; na versão para o jornal, tal como a original, faltou um "s"; o editor João Gabriel Pinheiro Chagas gentilmente a revisou novamente, notou o erro e avisou-me, mas ao acrescentar a letra errou também a grafia - é minha culpa não tê-lo informado corretamente, registre-se.
Esta crônica foi publicada no Jornal da Cidade (Poços de Caldas/MG) em 21 de outubro de 2017. É uma versão reescrita e revisada de uma crônica publicada aqui no blog em três de outubro de 2016. Aqui o nome da Siouxsie está correto; na versão para o jornal, tal como a original, faltou um "s"; o editor João Gabriel Pinheiro Chagas gentilmente a revisou novamente, notou o erro e avisou-me, mas ao acrescentar a letra errou também a grafia - é minha culpa não tê-lo informado corretamente, registre-se.
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