Tuesday, September 18, 2018

Tempo Perdido

É das primeiras músicas das quais me lembro de gostar. Ouvi pela primeira vez numa propaganda de TV; será que era para anunciar a participação em algum programa de auditório? Pela frequência com que era exibida, mais possivelmente era para promover alguma das compilações de novos grupos, àquela época chamadas de pau de sebo, ou uma trilha de novela. Era o vídeo de Tempo Perdido, tenho certeza.
Para mim o disco perfeito da Legião Urbana seria o primeiro acrescido de Tempo Perdido ao final. Tirei esta foto no antigo aparelho de som de casa, agora estragado e sem uso, em 2015.


Depois ouvi no rádio. Fiquei encantado. Foi a primeira vez na vida que prestei atenção espontaneamente à letra de uma música. Isso foi por volta de 1986/1987, tinha uns doze anos. Quer dizer, eu sabia a letra de algumas músicas, principalmente porque meus colegas de escola falavam das do RPM, mas o clássico da Legião Urbana foi a primeira que me interessou mesmo, só que não havia com quem a conversar a respeito. Ninguém se importava muito e acho que nem eu.
À época respondi um daqueles cadernos de perguntas que as meninas faziam e davam para você levar para casa – sim, já se stalkeava naquela época, mas era mais explícito – e respondi que minha música favorita era Tempo Perdido, sem titubear. Ela perguntou depois o porquê e eu disse que a letra refletia a vida; não sei por que disse isso. Hoje ela é atriz, às vezes a vejo no teatro. Eu devia estar afetando profundidade, ela deve ter percebido, pois pareceu incrédula. Para mim, no entanto, a resposta foi sincera. Tempo perdido.

Daniel Souza Luz é jornalista e revisor 

Esta crônica foi publicada no Jornal da Cidade (Poços de Caldas/MG) em 15 de setembro de 2018. É uma versão ampliada de "Legião Urbana, uma crônica", originalmente publicada aqui no blog em cinco de setembro de 2016. Em relação ao texto que foi publicado no jornal, fiz apenas uma pequena alteração no segundo parágrafo.



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