Esta resenha foi publicada na página oito do Jornal da Cidade (de Poços de Caldas/MG) em 19 de março de 2022. É uma versão atualizada da que escrevi para o Good Reads em 2019; eu mesmo revisei o texto, o que pode significar que deixei passei erros, devido ao olhar já estar viciado.
Como
a maioria das pessoas, creio, descobri a existência do livro após assistir ao
filme homônimo. Há treze anos estava em casa num final de semana, doente,
decidi não sair e liguei a TV. Estava passando por acaso, vi que era dirigido
pelo Sean Penn, decidi assistir. A história de Chris McCandless era fascinante
e desesperadora. Com o passar dos anos notei que muitos amigos adoram a
história e a trilha sonora, composta por Eddie Vedder, o vocalista do Pearl Jam.
Peguei o livro emprestado em 2013 e por uma série de circunstâncias
desfavoráveis o devolvi após ler apenas os dois primeiros capítulos, mas ele
não me saiu da cabeça. Há três anos o peguei emprestado novamente com uma amiga
e finalmente pude me embrenhar nele. Li um capítulo por dia, pacientemente.
Dava muita vontade de devorá-lo de uma vez, mas decidi me conter, para
memorizar melhor a saga de McCandless - ou Alex Supertramp, tal qual ele
decidiu chamar-se. Embora o filme seja ótimo, o livro, como é praxe, é muito
superior. Além dos passos de McCandless o autor também destrincha o de outros
exploradores modernos, estabelecendo comparações esclarecedores. Krakauer
entende profundamente do assunto, é um jornalista especializado no tema e com
experiência na área - também quase pereceu no Alasca, portanto traça paralelos
com sua vivência pessoal. Por mais que ele tenha conhecimento técnico e o
demonstre, em nenhum momento isso torna a leitura árdua. Em suma, um excelente
livro-reportagem. O único senão para mim é a Companhia das Letras, uma ótima
editora, manter o livro na ortografia anterior a que está em vigor e ainda não
corrigir uns pequenos errinhos de revisão. A Cia. das Letras mantém a edição
tal como era em 1998, quando teve o insight de adquirir os direitos de
publicação no Brasil, e o exemplar que li é de uma reimpressão de 2015, ainda
constando como primeira edição, sem qualquer correção. Em 2018 saiu uma nova edição,
mas muito parecida com a anterior, ao menos visualmente; espero que a
ortografia tenha sido atualizada e os erros corrigidos. Se não for o caso, este
ano eles têm uma boa oportunidade para o fazê-lo, devido a uma efeméride: em
agosto fará trinta anos que Christopher McCandless morreu no tristemente
notório ônibus escolar perdido no remoto Alasca.
Daniel Souza Luz é escritor, professor,
jornalista e revisor
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