Tuesday, May 15, 2007

Sacrifício estilhaçado.

A fila do sopão me aguarda. Esqueci tudo o que me interessava e só me lembro do que é ruim. As humilhações parecem um CD riscado tocando em um aparelho com bateria infinita. Isso é tudo que consigo formular. No mais, só repito o que me disseram. As pessoas na rua acham que estou xingando elas, tenho consciência disso, mas não posso evitar, não posso evitar, não posso evitar e sei que não posso gritar com a assistente social, que minhas roupas estão cada vez piores, o bafo está insuportável, não bebo, mas não adianta nada, não adiantou nada, tudo que fiz não adianta porque a polícia bateu no menino até ele morrer, vendi quase tudo por causa dele e o que restou a enchente levou e todo mundo me odeia, me odeia, porque não estava lá na hora que os agentes funerários apareceram com as pistolas para espalhar o sangue dele ainda mais pela grama vermelha e o que tinha que ter feito era estar lá, temos que evitar tudo de ruim que acontece com ele e eu não procedi assim, estranho que eu ainda saiba usar as palavras, porque elas não servem para nada. Não se diz dinheiro e ele aparece, não se diz filho e ele aparece, nem me lembro mais do nome dele.

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