Tinha um CD do Big Black. A
compilação dos EPs. Eu já era ansioso, pulava as faixas chatas. Foi assim ao
longo de metade dos anos noventa, nos quais havia, num bar, a menina. Ela
passou mal, breja demais, se é que não tinha algo mais na parada. Conheci a
melhor amiga dela. Nós a amparamos. A melhor amiga logo a substituiu, para a
alegria dos três. Numa noite em combustão a língua linda incendiou meu pau, no
estacionamento da faculdade. Só assim descobri que Seth, faixa que começava com
um longo discurso e que eu nunca havia escutado, era a melhor música do CD do Big Black. Gozei na música
seguinte, Jump the Climb. Ela engoliu tudo. Pulamos fora do carro e ficamos
conversando longe um do outro. A canícula era tão desumana que não suportávamos
mais o calor de nossos corpos. Ainda assim, beijamo-nos, encostando apenas
bocas, dentes, línguas e sorrisos. Perdi a garota depois de alguns meses. O CD,
uns anos depois.
Originalmente esse texto era uma prosa poética chamada Descoberta; a escrevi em 23 de novembro de 2014. Deixei-a de lado por não ficar satisfeito com o resultado, além de achar explícita demais, e reencontrá-la foi realmente uma descoberta. Hoje a retirei da estrutura de versos e a reescrevi levemente; ainda a acho um pouco pesada, mas não entendo por que não gostei imediatamente do texto.
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