Estou voando. É fácil, mais fácil
do que andar de bicicleta. Sobrevoo o bairro onde cresci; é mais ou menos como
imaginava que seria quando visto do alto.
Telepaticamente, sou alertado
pelos Guardiões do Universo, diretamente de Oa, que alienígenas invadiram a
terra e sequestraram algumas garotas em Batatais, interior de São Paulo. Não me
perguntem o porquê de aliens se interessarem por Batatais. Não vejo os
Guardiões, apenas os ouço na minha mente e sei que estão em Oa. Logo parte da
Tropa dos Lanternas Verdes aparece ao meu lado e voamos acelerado; rapidamente
saímos de Poços de Caldas e logo chegamos em Batatais.
No caminho, os Guardiões nos
avisaram que os alienígenas se pareciam com baratas. Sobrevoamos o bairro, devagar
e baixinho. Parecia mais um subúrbio dos Estados Unidos do que uma
cidade brasileira. Perto de uma esquina de onde saía uma estrada de terra, paro
para recarregar meu anel numa bateria verde que foi deixada em frente a um
sobrado. Então levantamos voo de novo e usando o anel como sensor descubro onde
os alienígenas estão. A nave deles está enterrada embaixo de uma grande casa.
Entramos na casa, mas voando.
Abrimos a porta usando a luz verde do anel e ficamos levitando na sala, ninguém
anda. Ouvimos gritos, gritos desesperados de garotas. Temos certeza de que elas
estão sendo torturadas. A sala tem uma porta de onde parecem vir os gritos, a
abrimos e acendemos as luzes, sempre voando. Há um imenso porão.
O porão está vazio, elas não
estão lá. Os gritos parecem vir de baixo de nós. Mas não vemos nada. De
entradas laterais, aparecem vários gatos. Eles se parecem com felinos normais,
mas são um pouco maiores e olham-nos fixamente e SORRIEM. Um sorriso maldoso,
satânico. Então começam a pular muito alto e quase nos alcançam. Comprimimo-nos
contra o teto. Antes que contra-ataquemos, acordo.
Está meio frio no quarto, é
inverno. Tudo escuro. Pouco depois volto a dormir.
Quando passo a sonhar novamente, EU VOLTO A SER UM LANTERNA VERDE. Isso foi realmente legal. Este
sonho seguinte, ao contrário do anterior, dessa vez era remanescente de
leituras de HQs, mais especificamente do Cavaleiro das Trevas. Era de noite, eu voava e o vento frio
castigava meu rosto. Estava beirando a costa, e em meio a nuvens um pouco
cinzas, sobre as quais pontuava a lua, cujo reflexo no oceano era bonito, eu
via o Super-Homem destruindo MIGs soviéticos. Estava bravo com o Super-Homem,
não porque fiquei do lado dos russos, mas porque ele estava matando outros
seres humanos, quebrando seu juramento. Eu voava em direção aos aviões e
procurava salvar os pilotos, mas o Super-Homem estava possesso e matando geral.
O Super-Homem era rápido demais, era apenas um risco azul que logo desaparecia
de vista. Como um elétron, não o via de fato; só de observá-lo, ele mudava de
direção imediatamente. Esse sonho não foi tão bom, porque estava frio – eu realmente
sentia frio durante o voo, assim como sinto gosto de comida durante os sonhos! –
mas não foi propriamente um pesadelo. No
entanto, estava frustrado até mesmo ao acordar. Não havia conseguido salvar
ninguém.
Daniel Souza Luz,
10 de maio de 2015.
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Arte de Gil Kane para o mais notório Lanterna Verde, Hal Jordan. Foi uma honra ser colega de Jordan por uma noite. |