Sunday, August 24, 2008

Ensaio Utópico

A civilização, tal como a conhecemos, deveria ser extinta. O tráfico – seja de influência, drogas, armas ou imigrantes ilegais – seria extirpado pela raiz. Toda e qualquer autoridade seria ignorada. A propriedade seria abolida e, ato contínuo, os males decorrentes desta instituição cairiam em desuso. Esta idealização da anarquia, no entanto, depende da tomada de consciência de que é necessário que não nos reproduzíssemos. Havendo menos gente, a necessidade de competição cai por terra. Porém, isso não pode ser imposto pela traição da manipulação, ou pelo fio da espada, ou pela rajada da metralhadora. A tomada de consciência deve ser voluntária. A natureza, desgastada pela estupidez humana, não é mais uma cornucópia que nos abastecerá indefinidamente, poupando-nos da labuta, mas sem o estímulo ao consumismo basta reciclar as quinquilharias supérfluas do capitalismo em bens essenciais. Se houver menos gente, elas sobrarão, de qualquer forma. Pena que o trabalho persistirá. Preciso me ocupar com modo de destruí-lo, pois, segundo a máxima do Barão de Itararé, “quem inventou o trabalho não tinha mais o que fazer”.

Outro texto que achei perdido no meio das minhas coisas. Foi feito para uma oficina literária ministrada pela escritora Ana Miranda em maio de 2004. Pelo o que me lembro ela não gostou do texto, pois o devolveu sem fazer nenhum comentário, após elogiar um conto que produzi nesta oficina: Calor Humano, que foi publicado no jornal PapoArte. Tem um link para esse conto neste blog (na verdade o reproduzi em outro blog, o Humano Obsoleto). Já este Ensaio Utópico teve como base a proposta de se produzir um texto tendo como base um ensaio clássico – só que não me lembro qual, pois não estou achando todas as minhas anotações da oficina. Segui o conselho da Ana Miranda e cortei alguns trechos do texto, de qualquer forma. Em parte o texto é nonsense bem-humorado, mas o sentimento pessoal no qual ele é alicerçado é verdadeiro.

1 comment:

Jerri Dias said...

tá linkado.