Wednesday, March 23, 2022

Na Natureza Selvagem, de Jon Krakauer (resenha)

Esta resenha foi publicada na página oito do Jornal da Cidade (de Poços de Caldas/MG) em 19 de março de 2022. É uma versão atualizada da que escrevi para o Good Reads em 2019; eu mesmo revisei o texto, o que pode significar que deixei passei erros, devido ao olhar já estar viciado. 

Como a maioria das pessoas, creio, descobri a existência do livro após assistir ao filme homônimo. Há treze anos estava em casa num final de semana, doente, decidi não sair e liguei a TV. Estava passando por acaso, vi que era dirigido pelo Sean Penn, decidi assistir. A história de Chris McCandless era fascinante e desesperadora. Com o passar dos anos notei que muitos amigos adoram a história e a trilha sonora, composta por Eddie Vedder, o vocalista do Pearl Jam. Peguei o livro emprestado em 2013 e por uma série de circunstâncias desfavoráveis o devolvi após ler apenas os dois primeiros capítulos, mas ele não me saiu da cabeça. Há três anos o peguei emprestado novamente com uma amiga e finalmente pude me embrenhar nele. Li um capítulo por dia, pacientemente. Dava muita vontade de devorá-lo de uma vez, mas decidi me conter, para memorizar melhor a saga de McCandless - ou Alex Supertramp, tal qual ele decidiu chamar-se. Embora o filme seja ótimo, o livro, como é praxe, é muito superior. Além dos passos de McCandless o autor também destrincha o de outros exploradores modernos, estabelecendo comparações esclarecedores. Krakauer entende profundamente do assunto, é um jornalista especializado no tema e com experiência na área - também quase pereceu no Alasca, portanto traça paralelos com sua vivência pessoal. Por mais que ele tenha conhecimento técnico e o demonstre, em nenhum momento isso torna a leitura árdua. Em suma, um excelente livro-reportagem. O único senão para mim é a Companhia das Letras, uma ótima editora, manter o livro na ortografia anterior a que está em vigor e ainda não corrigir uns pequenos errinhos de revisão. A Cia. das Letras mantém a edição tal como era em 1998, quando teve o insight de adquirir os direitos de publicação no Brasil, e o exemplar que li é de uma reimpressão de 2015, ainda constando como primeira edição, sem qualquer correção. Em 2018 saiu uma nova edição, mas muito parecida com a anterior, ao menos visualmente; espero que a ortografia tenha sido atualizada e os erros corrigidos. Se não for o caso, este ano eles têm uma boa oportunidade para o fazê-lo, devido a uma efeméride: em agosto fará trinta anos que Christopher McCandless morreu no tristemente notório ônibus escolar perdido no remoto Alasca.

Daniel Souza Luz é escritor, professor, jornalista e revisor



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