Monday, August 24, 2015

Theatre of Hate

O sorriso desvanece conforme viravam as costas e transmuta-se num esgar de desprezo. Tantos anos estudando artes cênicas renderam-lhe habilidades sociais imprescindíveis, pelas quais sempre ansiou. Adentra ao recinto segura de si, algo que logrou após anos de treino em dissimulação. As vestes hippies conferem-lhe uma simpatia que não denunciam seu artificialismo aos convivas.
Abrem-se as cortinas. A melhor atuação, no entanto, já havia ocorrido no átrio, antes do início da peça.
O final da peça é abrupto. O público, a princípio atônito, só passa a aplaudir quando as cortinas fecham-se sem aviso, segundos depois. Quando o elenco logo volta, aplaudem de pé, mas nota-se certo constrangimento, raras as exceções. Ela é uma destas.
Na saída, passa a falar o mais alto possível, para atrair todas as atenções. Agora sim começa o verdadeiro espetáculo, no qual reputações inocentes serão destruídas de forma sórdida, causando deleite ao público remanescente.
Por favor, desliguem os celulares.

No comments: