Sunday, September 07, 2008

Zine

Há três anos, recebi a última carta de um fanzineiro, pedindo para trocar zines e tal. Escrevi um e-mail, falando para ela (era uma fanzineira, na verdade) mandasse um exemplar do zine dela. Recebi, esqueci onde o coloquei e acabei lendo apenas uma entrevista. Sequer lembro quem era o entrevistado. Não devia ser nada importante. Aquela cara que mandei foi a última pois não mandei um Descanse em Paz – este era o nome do meu zine – para a menina.
Eu me mudei para outra cidade e minha família comprou uma casa, conseguindo enfim zerar o aluguel. Mesmo assim, não consigo entender como essa menina descobriu meu endereço novo. Seu nome é Valéria e só me lembrei dela devido ao zine que ela mandou e que eu desprezei. Achei que ela ia me cobrar exemplares, mas o pior foi o que li depois. Era uma carta de suicídio. Na hora desacreditei. Passaram-se alguns dias e não conseguia mais pensar no trabalho, estava assombrado por aquela folha, preenchida frente e verso com mágoas, decepções e rejeições. Era sobre pessoas que não conhecia, mas não conhecia entender como elas os conhecera, se eram namorados, amigos, irmãos, sei lá. Com aquilo na cabeça, viajei até o endereço constante na carta. Verifiquei nos meus arquivos que ela era de Goiás, mas aquela carta era de Porto Velho. Pedi uma semana de folga que estavam me devendo e fui para lá. Ao chegar, a mãe me disse que ela havia morrido fazia dois anos. Foi suicídio, mas a mãe queimou a carta original. A que eu recebi era psicografada e me foi enviada por Júlia, uma amiga de Valéria, que a enviou em seu nome e com o endereço da sua mãe. Para quê isso eu não sei, mas a viagem foi legal e ao voltar acabei o zine que havia deixado parado e enviei uma cópia para a mãe dela.
06/05/2005

1 comment:

Anonymous said...

cê usando droga, danielzinho?