Monday, October 10, 2016

Agnostic Front, crônica sobre o show.

Não estou enxergando muito bem, devido a um problema de saúde, mas a convite do meu amigo Tatá (Otávio Mazza), topei ir a um show do Agnostic Front em São Paulo, já que vacilei demais ao longo de anos e perdi várias apresentações deles. Sempre gostei, mas sabia da postura de direita do hardcore de Nova Iorque que atraia fãs skinheads de extrema-direita. Vá lá, o clássico deles Fascist Attitudes, uma música da qual gosto muito, critica os nazis e as letras recentes são muito boas, antibélicas e pró-direitos humanos. Mesmo assim, temia que fosse algo meio zoado e violento num momento ruim para mim, mas que nada. Só me fez bem e o público estava na vibe certa do show, da tão propalada união e “família hardcore” que o Agnostic prega.
Chegamos cedo e vimos os dois shows de abertura, do Last Warning (cujo nome já deixa patente a admiração pela banda nova-iorquina) e do One True Reason. Estava muito vazio e deve ser foda para bandas que tocam hardcore apresentarem-se para um público estático (já que show com pouco público para uma banda de punk/hardcore não é demérito, mas geralmente são agitados), no entanto foram aplaudidos polidamente e fizeram seu papel com energia. Estava tão vazio que ficamos na frente do palco com facilidade quando começou o Agnostic Front, mas repentinamente brotou gente de tudo que é lugar. Não estava lotado, só que a galera colou em frente ao palco e assim que começou o show, com Eliminator (do disco Cause For Alarm, um disco de crossover bem próximo ao thrash metal) começaram os stage dives e fiquei por lá somente umas duas ou três músicas, pois desta vez, ao contrário de quando vi o Napalm Death no mesmo Clash Club, eu estava de óculos. Fomos para trás e quando o Tatá foi comprar cerveja tocaram Police Violence, uma das melhores músicas do disco mais recente deles, The American Dream Died, que tem a mesma pegada de hardcore à velocidade da luz que eles tinham no começo dos anos oitenta. Fiquei esperando, devolvi a garrafa d´água dele e não resisti quando começou o clássico Victim in Pain, música que para mim descreve minha vida no momento: fui pro circle pit sozinho para pogar e cantar junto o refrão com o público. Sobrevivi à roda de pogo sozinho e quando voltei para trás não achei mais o Tatá. Fui para um canto na frente, fiquei prensado e não consegui subir no palco quando muita, mas muita gente mesmo, subiu para cantar junto Crucified, do Iron Cross. Era aquela cena clássica, nem dava para ver a banda. Fui para o outro canto e consegui subir em outra música, não me lembro agora qual, acho que era For My Family, mas logo desci para evitar ser empurrado pelos seguranças. O show ia mesclando clássicos da adrenalina como Your Mistake, Friend or Foe, United Blood e Blind Justice com músicas mais recentes que são arrastadas; destas, ao menos A Mi Manera, em espanhol, para mim foi legal. Quando outra música recente que é uma pancadaria, I Can’t Relate, também foi executada até entrei na roda de novo. No fim eles inacreditavelmente (pois eu não conhecia a versão) tocaram Blitzkrieg Bop, do Ramones. Vou contar isso para meus netinhos, se os tiver, e para todo mundo para o resto da vida: subi no palco de um show do Agnostic Front, abracei o Roger Miret, e cantei Ramones junto com dezenas de pessoas. A adolescência nunca acaba, nem se você estiver velho e doente, pois vale o que diz a música do Seven Seconds tocada pelo DJ que mandava os sons entre as apresentações: Young Till I Die.
Foto que tirei (com celular) de Craig Silverman e Vinnie Stigma no início do show. Agnostic Front, São Paulo, 08/10/2016.

3 comments:

Coska said...

Realmente fou um showzasso fui na sexta em imeira!!! e vou te falar muilhares de histórias para contar.

Daniel Souza Luz said...

Depois me conta.

Daniel Souza Luz said...
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