Monday, October 24, 2016

The Clash, uma crônica dedicada com muito amor para a Renata Rodrigues e o Maurício Rodrigues.

A primeira vez que ouvi The Clash foi num vídeo de skate. Era um programa da TV Manchete levado ao ar entre meados e fim dos anos oitenta. Chamava-se Vibração e foi gravado numa fita de videocassete por um amigo, já falecido, Maurício Rodrigues. O programa mostrava a visita de John Gibson, um skatista texano, ao Brasil. Depois da entrevista, ele andava enquanto rolava algumas músicas no BG; não me recordo de todas, mas creio que era Janie Jones, White Riot, I Fought the Law e, por fim, Guns of Brixton. Eu e meu irmão, respectivamente com 13 e 12 anos, ao ouvir, ficamos empolgadíssimos. Um de nós, acho que eu, disse “Ramones é demais!”, e o outro concordou. Só um tempo depois, ao ouvir fitinhas do Clash, que descobri que aquelas músicas não eram do Ramones. Quase sempre rio ao me lembrar dessa ingenuidade e por um bom tempo isso fez com que eu não gostasse muito de Clash. Lembro até de ter lido uns dois anos depois, já em 1990 ou talvez em 1991, a biografia de Sid Vicious escrita por Hugo Santos e publicada pela editora Brasiliense. O livro destacava que Vicious achava o Clash uma cópia do Ramones. Concordei com isso por muitos anos, mas hoje, ao ouvir novamente as músicas, não acho tão parecido. O Rancid é que se parece com o Clash, isso sim. Outro ponto engraçado dessa primeira experiência ao ouvir The Clash é que na minha ingenuidade pueril achei que Guns of Brixton fosse do Bob Marley e, por causa disso, demorou muito para eu gostar de qualquer outro som dele também, pois não achava nenhum reggae tão legal quanto aquele.
Tenho muitas saudades do Maurício e da irmã dele, que também morreu muito precocemente, a Renata. De andar de skate com ele, meu irmão e o pessoal do bairro; de ir às festinhas com eles, ela e as meninas da rua; de ler Mad e Chiclete com Banana e jogar Atari. É do que muitas vezes me lembro ao ouvir o The Clash e mais do que nostalgia, as músicas evocam-me um sentimento bom, de ainda ter alguma esperança no futuro. O que é sincrônico: consta que o Joe Strummer não gostava muito do mote No Future do Sex Pistols.

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