Thursday, October 07, 2021

Raimundos Versus Pin Ups (eu era muito feliz há 25 anos)

Esta crônica foi publicada no Jornal da Cidade em 04/09/2021. Originalmente chama-se Raimundos Versus Pins Ups (eu era muito feliz há 21 anos), pois a escrevi e publiquei como a Micrônica 1996 em 25/10/2017. Premido pela falta de tempo e outras tarefas, esqueci de alterar o título quando a mandei para o jornal, de última hora. O texto que foi publicado nele é mera transcrição daquela micrônica escrita à mão. Agora corrigi o título, observando a passagem do tempo, para essa publicação e resolvi fazer várias alterações, acrescentando muita mais informação ao texto e eliminando muita repetição de termos e palavras. Esta versão publicada aqui, portanto, é a definitiva.  

Sempre gostei de contar esta história, mas nunca a escrevi. As bandas que mais vi shows ao longo dos anos noventa foram os Raimundos, os Pin Ups e o Autoboneco. Em Bauru, onde fiz a universidade, o Autoboneco, cujo nome na verdade é um símbolo como o do Prince e na época era conhecido como Bonequinho, era a banda que mais gostava na cena underground e naturalmente foi que mais vi ao vivo. Raimundos era zoeira adolescente com a qual me identifiquei assim que ouvi Puteiro em João Pessoa, antes do primeiro disco sair, em 1994. Vi um trecho num show exibido na MTV; um amigo de Ribeirão Preto, o Vítor, gravou pra mim. Em 1995 consegui ver o primeiro de vários shows deles que eu viria a assistir. Pin Ups conheci antes ainda, quando o Luiz Gustavo, o vocalista, cujas HQs eu gostava demais, ainda estava à frente do grupo. No entanto, só vi shows depois que a baixista Alê Briganti se tornou a vocalista. Por mim tudo ótimo com ela no vocal de 1996 em diante, minha música favorita deles era Witkin, a única que ela cantava antes (se não se levar em conta o projeto acústico do grupo, o Gash). Com a Alê à frente, o Pin Ups tornou-se a voz do feminismo no rock brasileiro e o Raimundos era a face das letras machistas, mas eu levava no bom humor. Entrevistei tanto ela quanto o Rodolfo, à época ainda à frente dos Raimundos, para o meu TCC, no final daquela década. Ambos foram legais ao me receber, em especial ela, ao encontrá-la por acaso em Santos – eu ainda marcaria a entrevista em São Paulo, mas fizemos a entrevista no improviso, o que não foi nenhum problema, pois eu já tinha a pauta na cabeça. Apesar de não ter gostado de algumas perguntas, ele me tratou educadamente e não precisei pedir para assessoria de imprensa antes e nem nada assim, simplesmente me apresentei, disse que era para um trabalho da faculdade, que iria ao ar na rádio universitária, e ele me concedeu a entrevista imediatamente, sem qualquer formalidade. E os conflitos de hoje espelham o que ambos diziam.

 

Daniel Souza Luz é jornalista, escritor, revisor e professor


Meu exemplar do vinil do Scrabby?, o segundo LP do Pin Ups (sem contar o projeto acústico Gash, de 1992), lançado em 1993 pela gravadora independente Devil Discos. Tirei esta foto em 21/10/2012 e a publiquei originalmente no meu perfil do Twitter, naquela data. 


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