Wednesday, October 06, 2021

Ramones

Esta crônica foi publicada no Jornal da Cidade (de Poços de Caldas/MG) em dois de outubro de 2021. É uma versão reescrita e um pouco ampliada da minha Micrônica 1976, de cinco de outubro de 2017. Tal como o som dos Ramones, é rápida e simples. 

Estava andando de skate com meu irmão Eurico e meus amigos no centro. Estávamos em 1988, havia skatista para tudo que é canto da cidade. Na esquina das Rio Grande do Sul e Prefeito Chagas encontramos um amigo, o Helinho. Trocando ideia, ele me fala sobre os Ramones. Digo que nunca ouvi e ele fica espantado: “Como assim, você anda de skate e não conhece Ramones?”. No dia seguinte o Helinho, que curiosamente hoje pouco vejo e é um amigo distante, apareceu na rua de casa e trouxe uma fitinha do Ramones para me emprestar. Eu nem pedi, pelo que me lembro foi generosidade dele. Hoje, relembrando a sequência das músicas, sei que era uma gravação da coletânea Ramonesmania, então recém-lançada. Recordo-me bem do som que meu pai havia acabado de mandar fazer: era um toca-fitas de carro acoplado a caixas de som pequenas, instalado no quarto que eu dividia com meu irmão. Pus a fitinha pra tocar e aconteceu o mesmo momento mágico que ocorreu com milhões desde o primeiro contato com Ramones: daí em diante minha vida mudou pra sempre.

Daniel Souza Luz é professor, revisor, jornalista e escritor



Estátua em homenagem a Johnny Ramone. Foto de Scott Beale/Laughing Squid (laughingsquid.com), compartilhada aqui via licença Creative Commons


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