Monday, November 08, 2021

Velha Escola

Esta crônica foi publicada no Jornal da Cidade (de Poços de Caldas) em seis de novembro de 2021. É uma versão um pouco ampliada da minha Micrônica 1997, de 26 de outubro de 2017.

Talvez um dos aspectos dos quais mais tenho saudades dos anos noventa é fato do meio punk/hardcore ser o mais aberto para novas ideias e não se encontrar nenhum machocore de direita ignara na cena. Ao menos eu, felizmente, não conheci nenhum à época. Veganismo, sexismo, homofobia, racismo, violência policial e todos os temas hoje prementes eram discutidos o tempo todo em shows e, também, quando encontrava amigos e amigas com gosto musical semelhante. Muitos dos debates destes anos pós-Jornadas de Junho de 2013 já tinha discutido há vinte anos ou mais. O punk e o hardcore foram as melhores escolas que frequentei; as letras das músicas e os encartes foram os melhores professores. Foi tão ótimo quanto ter cursado a Unesp, a Unicamp e a pós-graduação em Jornalismo Literário. Ainda havia os fanzines para ajudar a nos iluminar ainda mais. Lembro do enorme impacto que tiveram bandas feministas como Dominatrix, Bikini Kill, Pin Ups e muitas outras. Discutia nossa relação com minha namorada de então baseado nas letras da Kathleen Hanna. Parecia que tudo evoluiria muito. Mais de duas décadas depois, evoluímos. Mas a reação é forte. Tudo bem, quem frequentava rodas de pogo está preparado.   

Daniel Souza Luz é professor, jornalista, revisor e escritor


Kathleen Hanna à frente do seu grupo The Julie Ruin, em 10/11/2013, no Fun Fun Fest em Austin, Texas/EUA.
Foto tirada por Anna Hanks e reproduzida via licença Creative Commons. 


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