Este conto foi publicado no Jornal da Cidade (Poços de Caldas/MG) em três de julho de 2021. É uma versão reescrita e levemente ampliada da minha micrônica 1995, cujo título original era Canícula Gótica e Siouxsie and the Banshees, escrita à mão e publicada por mim nas redes sociais em originalmente em 26 de novembro de 2017. Esta nova versão foi gentilmente revisada pela Juliana Gandra.
Passei em Jornalismo na Unesp, no campus de Bauru,
em 1995. No final de 1994 havia ido para lá para fazer vestibular e gostei
muito. Fiquei.
É irônico agora que penso a respeito, mas talvez
por ser um lugar tão quente, ensolarado e suarento que vários alunos lá se
refugiaram em sombras de bandas góticas/darks/sombrias e outras variações
trevosas do pós-punk.
Logo nas primeiras semanas de aula fomos
convencidos por veteranos a participar de uma ocupação da “reitoria” (na
verdade, da sede administrativa do campus, mas na minha cabeça era a reitoria),
em protesto por melhores laboratórios e a instalação de um restaurante
universitário. Conversando com as minhas amigas e colegas de sala Patrícia e
Paula a respeito da letra de How Soon is Now?, dos Smiths, a Paula me pergunta
se conheço Minor Threat e digo que não, mas sempre quis ouvir. Ela me emprestou
uma fitinha do irmão dela no dia seguinte. Foi uma paixão fulminante.
Mas voltando às bandas com gotiquices, era Joy
Division pra cá, Sisters of Mercy pra lá. Em festas fui apresentado a grupos
como o Kommunity FK, Swans e Malaria.
No fim daquele ano a Paula e o Márcio, que morava
em uma república comigo, me chamaram para ver o show da Siousxie and the
Banshees. Não quis ir. A Paula saiu da Unesp. Trocamos cartas. Confessei que
achei o último disco da Siousxie chato. Que arrependimento. A banda acabou e nunca
mais encontrei a Paula pessoalmente, até de redes sociais ela sumiu, e isso já
tem anos.
Siouxsie Sioux. Foto de Jennifer Patterson Lohman, s/d, via Creative Commons.
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