Monday, July 26, 2021

Niponírico

Esta crônica foi publicada no Jornal da Cidade (Poços de Caldas/MG) em 24 de julho de 2021. A Juliana Gandra fez a revisão.

Foto de Pablo Fernández. Reproduzo aqui via Creative Commons.

Tóquio 2020 em 2021. Esta edição das Olimpíadas um tanto quanto distópica me faz lembrar de que fiz a melhor viagem possível ao Japão num sonho. Cheguei em uma Tóquio que parecia ser feita de casas bixas, mas o hotel era uma torre enorme, isolada. Ficava em frente a uma pequena praça desolada, sem árvores, parecida com a da igreja Matriz (!?!) de Bauru, que é (ou era) muito concretada, mas muito miniaturizada. A entrada era de portas de vidro enormes, com paredes de mármore preto. Após deixar as malas no quarto, desci para a casa de chá, no lobby do hotel. Na real, parecia um bar com paredes escurecidas e um grande balcão. Enquanto esperava, pois o chá demoraria um pouco para ficar pronto, cansei de ver as casas mirradas da esquina da rua em frente, pois estava num andar muito baixo e a paisagem era monótona; fui dar uma olhada na loja de CDs em frente. Chegado lá, fiquei impressionado pela enorme quantidade de CDs de MPB: Toquinho, Taunay, Taiguara muitos outros. Numa prateleira em frente, vários DVDs de desenhos da Turma da Mônica, inéditos no Brasil. E, ao lado deles, mais DVDs ainda de filmes pornôs sadomasoquistas e alguns hentais. Acordei achando isso tudo muito nipônico mesmo. Talvez alguém ache que isso seja orientalismo, mas não posso controlar meu inconsciente.

Daniel Souza Luz é revisor, jornalista, professor e escritor


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