Monday, January 08, 2007

Febre

Apressar a morte não tem sentido. A gente vai se fuder de acordo mais cedo ou mais tarde mesmo. Não deixei de ser obcecado pela idéia. Tomando café forte sozinho com a faxineira da firma, ainda bem, em um canto da cozinha, pois ela nunca fala nada, tenho o estalo, insight, inspiração, qualquer um destes sinônimos aí. Podia lançar um best-seller de auto-ajuda com isso, se soubesse escrever tão mal quanto eu gostaria. Ah, como deve ser bom ser picareta! Minha idéia é a seguinte: fazer que a idéia da morte seja positiva para quem está com depressão. Todo dia, desde aquele momento, eu penso, “vou morrer hoje à noite, vou morrer hoje à noite, vou morrer hoje à noite”. Às vezes penso nisso com tanto ardor que meu peito dói. No geral, entretanto, é funcional. Tenho que correr para fazer o que me interessa, o tempo todo. Tenho só até às dez da noite, incluindo o horário do serviço e o da aporrinhação fora do trabalho. Tenho que resolver o máximo dos MEUS problemas, tanto quanto o possível, antes de me deitar. Quando deito, morro. No dia seguinte, geralmente, sou outro homem. Pior, mais velho, mais cansado. Porém, com mais pressa.

1 comment:

Anonymous said...

Isso é o que eu chamo de "encontro marcado"...